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13ª Conferência do Ibracon analisa a economia nacional em ampla perspectiva

27 de junho de 2023

Executivo da Warren compartilhou sua visão sobre macroeconomia e os desafios para o desenvolvimento nacional.

Na manhã desta terça, 27, durante a 13ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, organizada pelo Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, aconteceu a palestra “A economia no Brasil: finanças, investimento e desenvolvimento” conduzida por Felipe Salto, economista-chefe e sócio na Warren Brasil. O tema é de grande relevância para o público ao qual o evento se dirige, sobretudo no cenário de mudanças em que vivemos desde janeiro deste ano, com a nova presidência da República.

O palestrante começou destacando o fato de o Brasil ter uma das mais bem estruturadas leis de responsabilidade fiscal do mundo. Porém, segundo ele, embora o país seja pródigo em criar regras, não faz o mesmo quando se trata de cumpri-las. “A responsabilidade fiscal é a base para o crescimento econômico. Na Warren, projetamos que o déficit do governo central, neste ano, deve ultrapassar os R$ 112 bilhões, algo em torno de 1,1% do PIB. Isso significa que zerar o déficit no ano que vem será um grande desafio, vai depender do controle do gasto e daquilo que o ministro Fernando Haddad vem chamando de recuperação de receitas, ou seja, a revisão das desonerações tributárias e a redução das chamadas renúncias fiscais”, comentou Salto, citando o montante superior a meio trilhão de reais a que corresponde atualmente as renúncias fiscais.

Outro aspecto mencionado foi a taxa de juros, um embate recente do governo com o Banco Central que está presente na mídia. “Temos a maior taxa real de juros do mundo e não há explicação alguma para isso. O Banco Central acaba de revisar a chamada taxa neutra de juros de 4% para 4,5%. É como se assumissem que, sim, são conservadores, mas ao mesmo tempo reconhecem que a inflação está despencando, e que as expectativas de inflação também estão diminuindo rapidamente. E que, portanto, abre-se aí uma avenida de possibilidades para que, a partir de agosto, possa haver o início de um ciclo de afrouxamento dos juros”, anunciou o palestrante.

Segundo ele, o Banco Central faz um trabalho técnico e tenta operar de maneira independente. “Isso desde a instituição do regime de metas, em 1999, quando ainda não existia formalmente a chamada ‘independência’ do BC. Mas por meio de Lei Complementar recente, hoje, os diretores da instituição têm mandato e, por isso mesmo, têm independência para atuar de maneira técnica. Ocorre que esse debate precisa ser ampliado, porque, de fato, cada ponto percentual de juros representa algo como R$ 72,5 bilhões, em termos anualizados, em despesas com juros da dívida. Precisamos ter medidas, de um lado, na área fiscal, que ajudem a recobrar a trajetória de sustentabilidade da dívida para que o Banco Central tenha maior espaço para poder fazer uma redução dos juros de maneira permanente e também recuperar as condições de crescimento econômico”, opinou Salto.

Para o economista, um dos caminhos para melhorar o cenário econômico nacional está no investimento pesado em infraestrutura e no aumento das exportações líquidas. “Mas para isso você precisa ter planejamento. Que é um tema muito caro aqui para nós”. Neste sentido, ele mencionou o fato de, agora, o governo apresentar um plano plurianual que tem validade de quatro anos, incluindo 2023. “Era uma ideia de que você tivesse uma continuidade desse, planejamento. O problema é que as leis orçamentárias vão sendo discutidas e aprovadas, de modo que o PPA vai sendo todo ano adaptado a essas novas necessidades colocadas. O PPA precisa mudar. E eu acredito que a ministra Simone Tebet vem tentando trazer esse tema para agenda prioritária”, disse Salto.

Finalizando sua apresentação, o palestrante analisou que, caso o governo descumpra as metas fiscais, o horizonte futuro não será dos mais favoráveis. “O que mais me preocupa nesse momento, além do tema do planejamento, é a reforma tributária. Porque nós estamos caminhando para constituir ou para parir uma espécie de monstrengo tributário. O problema é que o diabo está sempre nos detalhes, E não é diferente dessa vez. O que acontece é que você tem uma série de exceções que já estão sendo colocadas a toque de caixa, nesse texto chamado ‘substitutivo’, que foi apresentado na semana passada. A reforma tributária precisa urgentemente de uma atenção do governo federal, porque o Congresso Nacional está caminhando para uma direção bastante preocupante, em que a gente pode acabar tendo uma emenda pior do que o soneto.”, resumiu Salto.

Por Comunicação Ibracon