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Regulação, tecnologia, inclusão e sustentabilidade

27 de junho de 2023

Os quatro temas fizeram parte da apresentação de João Pedro Nascimento, presidente da CVM, na 13ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente.

Na abertura da 13ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, que acontece hoje, 27, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, apresentou o painel “Agenda regulatória 2023: tecnologia, inclusão e sustentabilidade”. O evento, que é realizado pelo Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, acontece no Teatro Claro, na capital paulista, com transmissão ao vivo pela internet.

Nascimento começou por abordar um dos temas mais relevantes para os espectadores: a necessidade de reposicionar o Brasil dentro da agenda climática. “Nosso país não tem um assento cativo no ISSB. É um absurdo completo o fato de não termos voz ativa no organismo que se dedica à previsão e ao estabelecimento das normas e padrões de sustentabilidade, que eu tenho gostado de chamar de reports não financeiros, ou seja, que envolvem questões ambientais, sociais e de governança, e que são, num primeiro momento, o principal foco da pauta Internacional”, declarou. “Neste ano, o Ibracon estará presente no Latin American Roundtable on Corporate Governance, realizado pela OCDE”, destacou, mas reforçou que “o Brasil tem que assumir uma posição de protagonista nesse debate, passar a liderar essas pautas e fornecer para o mundo exemplos e a experiência de nossos profissionais da contabilidade e da Auditoria Independente.

Segundo Nascimento, ao contrário de 30 anos atrás, a profissão contábil não é mais uma “exclusividade” daqueles que são bons em matemática ou cálculos. “Isso mudou não apenas no Brasil, como no mundo inteiro. Teremos que desenvolver novas habilidades diante das atribuições que farão parte do novo desenho dos organogramas das companhias”, disse. E isso nos leva à questão da convergência Internacional. “Se quisermos criar um ambiente propício ao desenvolvimento dessas questões, dos reports não financeiros, precisamos estabelecer um mesmo ambiente de nivelamento para que as pessoas possam entrar no jogo com as mesmas regras. Quando falamos em comparabilidade, precisamos trazer um elemento mínimo para que as pessoas possam ter compromissos em outros países, e que estes se vejam refletidos aqui. Será um desafio semelhante àquele que vivemos quando o Brasil adotou os padrões internacionais de IFRS. Talvez um pouco maior, porque, na realidade, agora teremos que repensar alguns aspectos que estão até mesmo no DNA da nossa própria formação profissional. Mas eu tenho certeza de que vamos perpassar todos esses desafios e que será extremamente positivo”, declarou.

O presidente da CVM também destacou que o tema das finanças sustentáveis é de suma importância em sua gestão. E ele afirma que a pauta ESG não pode ser vista como uma “moda passageira”. “A agenda social e de governança para o Brasil é um bom negócio, uma oportunidade para captação de recursos, de promoção do desenvolvimento econômico com inclusão social. É também um caminho para o aumento da resiliência do mercado de capitais brasileiro. É, por conta disso, repetimos que o futuro é verde e digital. Enxergamos muitas oportunidades no ambiente dos negócios relacionados à economia verde. E também com a digitalização de diversas atividades”, disse.

Nascimento citou uma passagem de um documento que afirma que “a boa governança corporativa depende dos chatos”. “A governança corporativa pressupõe um eficiente funcionamento, a partir de uma estrutura de freios e contrapesos na qual a administração supervisiona e controla a atividade em níveis diferentes. E um dos principais gatekeepers da boa governança corporativa são os auditores independentes”. Segundo ele, ao contrário da alegada “chatice”, os auditores têm um papel preponderante. “A palavra ‘independência’ já faz parte do nome da profissão. Se o auditor perder essa particularidade, seja qual for o episódio em que ele venha se envolver, fará com que o castelo de cartas da governança corporativa desmorone. Vários de vocês se dedicam todos os dias a realizar um trabalho cada vez melhor. Eu acho que são justamente essas pessoas com esse perfil, que nos fazem refletir sobre o valor dos ‘chatos’”, avaliou. Segundo ele, sem o desconforto proporcionado pela atuação independente, com postura sempre cética, o trabalho do auditor perde a razão de ser.

Nascimento encerrou sua apresentação com uma última provocação, sobre a necessidade de o auditor independente não se dobrar ou se amoldar às circunstâncias. “Espera-se desse profissional uma abordagem técnica, precisa, isenta, cética, que simplesmente reporta, aponta, contrapõe e indica o que está certo e que está errado. Só assim vamos evoluir no tema da governança corporativa”, concluiu o presidente da CVM.

Por Comunicação Ibracon